Osteoartrite: entendendo a inflamação e dor em cães e gatos

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Mudanças comportamentais são comuns em cães e gatos, tornando-se mais evidentes com o envelhecimento. Muitas delas podem estar relacionadas a doenças adjacentes que geram dor articular, rigidez, movimentos limitados e claudicação (mancar enquanto caminha), como: osteoartrite, osteocondrose, tendinite, displasia coxofemoral, luxação de patela e espondilose (artrose na coluna).

O que é a Osteoartrite?

É definida como doença articular degenerativa, caracterizada pela perda progressiva da cartilagem articular e, consequentemente, exposição do osso subcondral (parte do osso que fica “inserido” na articulação sinovial). O que ocorre então é a perda da função de amortecimento da articulação, o que ocasiona uma dor progressiva por lesão às estruturas adjacentes (especialmente os ossos subcondrais). É uma doença muito comum em cães e gatos, principalmente idosos. De forma geral, cerca de 20 a 40% de todos os cães e gatos apresentam osteoartrite, sendo que esse número passa para 80% para cães idosos e cerca de 90% para gatos idosos, ou seja, é como se 9 a cada 10 gatos idosos tivessem a doença articular, o que é uma prevalência muito alta. Estima-se que mais de 50% dos casos de artrite em cães ocorrem em animais entre 8 e 13 anos. Apesar de a doença também ser comum em felinos, o diagnóstico é mais difícil, visto que gatos tendem a demonstrar menos sinais clínicos. Gatos normalmente não claudicam (mancam) como cães fazem, e o fato de terem um menor peso e serem naturalmente ágeis tende a disfarçar os sinais da doença, sendo difícil tanto para o tutor quanto para o veterinário diagnosticar a osteoartrite em felinos.

A osteoartrite pode ser dividida em dois tipos: primária, que não tem predileção racial ou por espécie, e seus fatores de desenvolvimento são geralmente desconhecidos e associados a questões de envelhecimento; e secundária, mais frequente em raças como Labrador, Golden Retriever, Pitbull, Pastor Alemão, Chow-chow e Rottweiler. As principais causas da osteoartrite secundária incluem alinhamento incorreto dos membros, alterações na pelve, cotovelo e joelho, como displasia coxofemoral, displasia do cotovelo, ruptura do ligamento cruzado cranial e luxação de patela.

Fatores Predisponentes

Alguns fatores podem contribuir para o aparecimento e agravamento de doenças osteoarticulares, sendo eles:

       • Traumatismos;

       • Obesidade;

       • Envelhecimento;

       • Anomalias genéticas;

       • Esforço frequente para levantar-se e caminhar em piso liso;

       • Prática excessiva de exercícios.

Pode acometer tanto machos quanto fêmeas, sendo observado com maior frequência em machos.  No caso de cães, os de grande porte são os mais acometidos (45%), seguido por cães de médio porte (28%) e de pequeno porte (27%).

Para gatos, apesar de estar presente de forma geral na população, essa enfermidade pode ser observada com maior frequência em felinos da raça Scottish Fold, devido a uma condição genética que leva a uma modificação na composição e formação das cartilagens do animal (motivo pelo qual também apresentam as orelhas dobradas rostralmente).

Sinais Clínicos

Como já mencionado, os sinais clínicos da osteoartrite variam entre cães e gatos. Felinos tendem a esconder mais os sinais de dor e doença. Por isso, a osteoartrite é diagnosticada com maior frequência em cães, mas isso não significa que gatos tenham menos, é apenas mais difícil de diagnosticar nessa espécie. 

Em cães, alguns sinais característicos da doença são:

       • Dor ao movimentar;

       • Rigidez;

       • Dificuldade em se levantar;

       • Mancar (claudicação);

       • Diminuição da atividade física;

       • Ansiedade;

       • Agressividade;

Em felinos, os sinais são mais sutis e geralmente envolvem menor atividade física e falta de apetite, podendo ser observados:

       • Relutância para saltar;

       • Redução da tolerância a exercícios em atividades comuns;

       • Dificuldade de andar, subir e descer escadas;

       • Redução do hábito de lambedura;

       • Alteração em alguns hábitos básicos, como de desgaste das garras;

       • Dificuldade de acessar e usar a caixa sanitária;

       • Alterações de comportamento (pode ficar mais agressivo ou mais letárgico).

Diagnóstico

O diagnóstico de osteoartrite em cães e gatos baseia-se na história clínica, no exame físico, e em exames de imagem, como radiografias e tomografia computadorizada (TC), e deve ser realizado o mais precocemente possível, a fim de prevenir a evolução da doença. 

Quanto mais cedo essa doença for diagnosticada, mais rápido será possível intervir, melhorando a qualidade de vida do animal. Por isso, check-ups regulares são fundamentais para identificação de alterações pelo Médico-Veterinário. Lembre-se que a osteoartrite é uma condição que gera muita dor; por isso, é importante intervir o quanto antes e de maneira eficaz, a fim de restabelecer um grau adequado de bem-estar ao pet.

Tratamentos

O tratamento dessa condição precisa ser multimodal, incluindo intervenções em diferentes pontos para garantir uma terapia adequada. Isso normalmente envolve mudanças na dieta, adaptação na rotina de exercícios físicos, uso de condroprotetores, suplementos nutricionais como ômega-3, medicações anti-inflamatórias e analgésicas, fisioterapia, acupuntura, correção dos fatores predisponentes (quando possível) e cirurgia em alguns casos.

Formas de Prevenção

A chave para prevenir a osteoartrite inclui manter um peso corporal ideal, praticar exercícios regulares, oferecer uma dieta balanceada e evitar lesões articulares. Estratégias de manejo ambiental eficazes envolvem organizar móveis de maneira estratégica, instalar rampas e degraus para facilitar o acesso a locais elevados e distribuir tapetes antiderrapantes nas áreas mais frequentadas pelo animal, auxiliando na prevenção de escorregões, que podem causar lesões agudas às articulações.

Também é importante levar o pet de forma regular ao Médico-Veterinário, a fim de monitorar sinais de osteoartrite e fornecer cuidados adequados para manter a qualidade de vida do animal.

Como medicamentos, condroprotetores e adaptações nutricionais podem auxiliar na prevenção e tratamento?

O manejo nutricional, que inclui dietas apropriadas, e o uso de condroprotetores são alguns dos principais aliados na prevenção e tratamento da osteoartrite ou outras doenças inflamatórias articulares.

Os medicamentos condroprotetores são importantes para proteção e redução da degradação articular, podendo ser recomendados em diversos casos da doença em cães e gatos de todos os portes e raças. Esses produtos são seguros e recomenda-se o uso na concentração e dose estabelecidas pelo Médico-Veterinário, conforme o porte do animal, juntamente com outras terapias. Componentes normalmente presentes em condroprotetores incluem a condroitina, um glicosaminoglicano que compõe os proteoglicanos, estruturas base da cartilagem articular; glicosamina, precursora de diversos glicosaminoglicanos; Perna canaliculus, molusco com propriedades relacionadas à função articular, aumentando a produção de ácido hialurônico e outros glicosaminoglicanos; colágeno, para reposição da matriz cartilaginosa; vitamina C e manganês, que atuam como cofatores para formação de colágeno e glicosaminoglicanos na articulação. A ideia de utilizar esses componentes é justamente repor o que está sendo degradado, permitindo uma manutenção ou restauração da função articular. Para raças com predisposição a problemas articulares, citadas anteriormente, recomenda-se a utilização preventiva de condroprotetores, mesmo antes do surgimento dos sinais clínicos da doença.

Outra indicação é a suplementação de ômega-3, especificamente dos ácidos graxos EPA e DHA, que apresentam efeitos anti-inflamatórios em cães e gatos, auxiliando no controle da dor e outros sinais decorrentes da osteoartrite. Inclusive, revisões científicas recentes indicam que o ômega 3 é uma terapia de alto impacto para controle da dor crônica, que é o caso da dor da osteoartrite.

Doenças ósseas e articulares são afecções comumente encontradas em cães e gatos. Para que a prevenção ou diagnóstico precoce seja realizado, é importante que o tutor esteja atento a possíveis mudanças comportamentais do animal e levá-lo para consultas de check up com um Médico-Veterinário sempre que possível. Desta forma, através de diversas ferramentas disponíveis hoje para o tratamento e prevenção de doenças como a osteoartrite, é possível melhorar a qualidade de vida do animal e auxiliá-lo em sua recuperação com maior rapidez e facilidade.

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